quinta-feira, 1 de maio de 2014

Inflação Persistente

Em economia consideramos inflação a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro. Porém, popularmente a inflação caracteriza-se por refletir o aumento geral dos preços. Já o oposto de inflação, chamamos de deflação a qual se caracteriza pela queda no nível de preços.
Assim, a teoria econômica considera os índices de preços dentro da estabilidade em uma faixa de variação dos preços que vai de 2 a 4,5% ao ano. Coisa que há décadas não acontece no Brasil, o qual tende ao estouro do teto da meta de inflação de 6,5% agora em maio. Ou seja, o índice ultrapassará o altíssimo teto da meta de 6,5%, o que será péssimo para os brasileiros.
Outra distinção é quando analisamos os efeitos internos e externos da inflação. Externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente a outras moedas, e internamente ela se exprime mais pelo aumento do volume de dinheiro em circulação e pelo o aumento dos preços.
Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado pela desvalorização dos “denários” (moeda da época) que, antes confeccionados em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo tipo de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de perceber essa causa, já que a ciência econômica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços, promulgando no ano 301 o “Edito Máximo”, que punia com a morte qualquer um que praticasse preços acima dos fixados.
Aqui no Brasil, a medição da inflação é feita através de uma cesta de consumo média da população. Geralmente é realizada uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) para determinar a cesta de consumo média dessas famílias. Ou seja, é realizada uma média ponderada das cestas de produtos consumidos por estas mesmas famílias e o índice calcula o gasto com o mesmo consumo em dois períodos diferentes, fazendo com que não ocorra substituição no consumo.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE é que determina as metas de inflação governamental. O IPCA apura a variação de preços nos bens consumidos por famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, em nove regiões metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), no Distrito Federal e no município de Goiânia.
A inflação é responsável por diversas distorções na economia de qualquer país.
Assim, na Distribuição de Renda da população os assalariados não têm a mesma capacidade de repassar os aumentos de seus custos, como fazem empresários e governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a chegada do próximo reajuste salarial.  
Na Balança de Pagamentos (contabilidade governamental) a inflação interna do país, maior que a inflação externa (mundial), causa encarecimento do produto nacional com relação ao importado o que provoca aumento nas importações e redução nas exportações.
Na Formação de Expectativas diante da imprevisibilidade da economia, o empresariado reduz seus investimentos.
No Mercado de Capitais, causa migração de aplicações monetárias para aplicações em bens como terra, imóveis e títulos governamentais atrelados a inflação.
A inflação causa ainda, a chamada Ilusão Monetária, que seria a interpretação errônea da relação de reajuste do salário nominal (valor em moeda)  com o salário real (poder de compra) gerando por sua vez a percepção equivocada de maior renda, traduzindo em decisões fora da realidade do poder de compra das pessoas, que se julgando às vezes mais ricas, demandam mais bens e serviços equivocadamente.
Os bancos centrais sérios costumam definir a estabilidade de preços como um objetivo primordial de suas políticas, com uma inflação perceptível, mas baixa, como ideal.
Por outro lado, o teto do sistema de metas de inflação brasileiro é um dos mais altos do mundo. Entre 38 países pesquisados pelo site “Central Bank News”, especializado em política monetária, somente três nações (Jamaica, Nigéria e Uganda) têm um sistema que permite que a inflação fique acima de 6,5% – que é o "teto" do sistema vigente no Brasil.
Para 2014 e 2015, a meta central na qual teoricamente o BC estaria mirando ao fixar os juros básicos da economia é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
No Brasil, apesar de haver uma meta central de 4,5%, a banda é amplamente utilizada. Em 2011, 2012 e 2013, respectivamente, o IPCA somou 6,5% (no teto e limite da banda), 5,84% e 5,91%. Mesmo com a inflação próxima de 6% em 2013, mais perto do teto de 6,5% do que do objetivo central de 4,5%, a presidente Dilma Rousseff ironicamente comemorou a "inflação dentro na meta".
Os sistemas de metas de inflação não são exatamente iguais em todos os países. Grande parte das nações indica apenas a meta central na qual a autoridade monetária do país está mirando ao fixar os juros básicos.
Dos 38 países pesquisados, 20 trabalham com uma "faixa" de acerto para que a meta seja considerada cumprida. Em nenhum deles, porém, a banda de acerto da meta de inflação é tão ampla quanto no Brasil, que é de quatro pontos, ou seja, entre 2,5% e 6,5%. Com isso, há uma "folga maior" para que a meta seja considerada cumprida pelo Banco Central brasileiro, por meio da fixação  dos juros básicos da economia - atualmente em 11% ao ano.
Do ponto de vista do consumidor, a atual escalada de preços, já afeta o orçamento familiar o que exige adaptações por parte desse mesmo consumidor. Assim, colocar os gastos no papel e calcular a inflação doméstica pode ajudar ao consumidor final a não perder o controle de seu orçamento familiar.

2 comentários:

  1. Muito bom, Sérgio. Gostei muito e vou arquivá-lo para releituras posteriores.
    Um grande abraço.
    João Alves

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  2. Olá João Alves, obrigado pelo incentivo e continue prestigiando o blog. Grande abraço!

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