terça-feira, 30 de setembro de 2014

A Consul na Berlinda

A cooperativa Consul que veio no bojo da estruturação da Usiminas e da cidade, e que surgiu há um ano após o nascedouro da Usiminas, tem agora, o desafio de firmar-se sozinha no mercado, após a solicitação por parte da Usiminas de área, no Shopping do Vale, onde se encontra instalada.
Nascida em 1962 com apenas 2.700 cooperados, hoje a cooperativa conta com aproximadamente 77 mil associados, com 715 colaboradores diretos e aproximadamente 1.500 empregos indiretos. Seu faturamento é da ordem de R$ 200 milhões anuais e se distingue como a maior recolhedora de impostos (ICMS), no ramo supermercadista, para o município, com R$ 2,7 milhões, enquanto os demais concorrentes juntos, recolhem aproximadamente, R$ 1,6 milhão aos cofres públicos estaduais.
Mercadologicamente, podemos dizer que a Consul é um sucesso e, dentro do espírito cooperativista, preserva eficientemente o balizamento de preços na região e detém o importantíssimo papel de provedora de produtos a todo o Vale do Aço, constituindo-se em a maior cooperativa de consumo de Minas Gerais e ranqueada como a quinta cooperativa de consumo do Brasil.
Seu comodato com a Usiminas, assinado no passado, assegura-lhe 99 anos de atividade, ou seja, estabelece uma concessão de funcionamento e atuação até o ano de 2090. Como todo contrato possui uma cláusula de desistência coube legalmente a empresa Usiminas solicitar o imóvel de volta, portanto, 76 anos antes do vencimento do acordo, com a intenção de vendê-lo a terceiro pelo valor de R$ 30 milhões, considerando os juros.
Assim, a Usiminas pede o recolhimento do imóvel concedido à Consul, direito que lhe cabe. Por outro lado, cabe à Consul buscar seus direitos junto ao comodato firmado, pelo fato de ter disponibilizado imóveis que foram objeto de permuta para viabilização da construção da Consul na área estabelecida à época da concessão.
Interessante perceber que a Consul possui condições econômico/financeiras plenas para adquirir o imóvel em questão, porém, é compreensível que alguém que tenha documentação proba e assinada pelas autoridades da Usiminas no passado, não queira dispor de recursos financeiros para aquisição do imóvel.
Outro fato interessante é o espírito de proximidade entre os empreendimentos Usiminas e Consul desde as suas constituições e que R$ 30 milhões não chegam a ser um recurso financeiro determinante para o Grupo Usiminas cujo faturamento anual ultrapassa R$ 12 bilhões. 
Olhando mais à distância, acredito que uma solução viável ao impasse seria a volta ao diálogo, passar a limpo a questão e utilizar-se deste momento para dar contornos mais adequados e atuais à documentação existente, mesmo que haja algum tipo de negociação dentro do contexto, dotando a Consul do direito natural de preferência do espaço questionado.
De certa forma não é salutar a geração de incertezas à região, à cidade, aos empregados, aos fornecedores e ao ente público, que em realidade são as partes mais interessadas deste embate e sim procurar fazer com que a marca Consul, já identificada com o público da região possa seguir seu processo de bem atender ao Vale do Aço e que a maior holding do setor siderúrgico brasileiro, a Usiminas, possa seguir o seu foco principal atendendo a toda a América Latina e a mercados como o japonês, o americano e o europeu. 

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