quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A Economia Brasileira em 2015

Os economistas vêm apontando para um momento de dificuldades para o ano que vem. Assim, quem vencer as eleições de outubro precisará iniciar reformas severas para conter uma crise desnecessária plantada nesta última década.
Os motivos são muitos. Em­presários, economistas e pensadores da economia estão ligados aos equívocos cometidos pelo governo federal, resultado da “nova matriz econômica” — co­mo ficou conhecida a política econômica adotada pela presidente Dilma Rousseff, em 2011.
Os sinais são sentidos por profissionais, investidores, economistas, empresários, e população em geral, visto que quem sente os efeitos mais severos do mau momento econômico é o povo.
O consumo das famílias vive um momento de desaceleração, tanto pelo fim dos programas de incentivo ao consumo quanto pela menor oferta de crédito. Provém daí parte da insatisfação que gerou os protestos iniciados no ano passado e endossados pelo início da Copa mais cara do Mundo. Isso acontece porque temos uma população até então acostumada a deter o poder de consumo que fazia girar a economia do país. O governo criou essa prerrogativa e reside aí uma parte dos equívocos dessa “nova matriz econômica”.
Aliado à retração da indústria, à inflação e à baixa taxa de investimentos, criou um cenário de crescimento baixo. Em 2013, por exemplo, o Brasil cresceu 2,5%. Média menor do que a apresentada pelo mundo (3%), pelos países emergentes (4,7%) e pela própria América Latina (2,7%). Não obstante, as projeções do último Boletim Focus apontam que o Brasil crescerá apenas 0,79% em 2014, fechando o governo Dilma com um crescimento médio de 1,5%, menor resultado dos últimos 20 anos.
Para o final deste ano, as previsões também não são animadoras, devido ao cenário pessimista demonstrado pelo setor de serviços, em função do comércio e de serviços da informação. Afora isso, a indústria também deve recuar ainda mais, em virtude da indústria de transformação (que transforma matéria-prima em produto final) e da construção civil, que sofre, entre outros motivos, com a desaceleração do crédito imobiliário.
A inflação fechou 2013 em 5,9%, bem acima da meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional de 4,5% e acima também da “meta informal” do Banco Central (BC), que foi de 5,84%. Em maio, a inflação (em 12 meses) foi de 6,4%, e, segundo o último relatório Focus, deve encerrar este ano em 6,5%, no topo do intervalo de tolerância.
O controle de preços governamental fez com que a inflação dos preços administrados fosse de “apenas” 1,5%, enquanto a inflação dos preços livres está acima de 7%. A título de comparação, em 2012, a inflação dos administrados foi de 3,7%, e dos livres foi de 6,6%. À primeira vista, esse controle parece benéfico. Contudo, a redução drástica do preço de alguns produtos, como aconteceu com a energia elétrica, cria uma bola de neve que irá estourar no futuro, pois cria dívidas que serão pagas pelo povo e tudo indica que essa bolha estourará no ano que vem. É simples entender: compare com uma empresa, “se ela começar a vender produtos abaixo do preço de custo ela quebra. Já o governo não quebra, ele emite moeda e títulos das suas dívidas, que o povo irá pagar no futuro.” Um dos problemas da inflação alta é que ela aumenta a incerteza de longo prazo e dificulta a obtenção de financiamento em condições adequadas para toda a economia.
Além da inflação a falta de confiança na economia brasileira faz com que a taxa de investimentos seja menor. Sem investimentos não há melhorias no parque industrial e setores vitais da economia. Em comparação com outros países da América Latina, por exemplo, o Brasil está muito abaixo quando o assunto são investimentos. Em 2013, a taxa de investimentos brasileira foi de aproximadamente 18% do PIB. Em contrapartida, o mundo investiu 24,5%, os países emergentes 32,2% e a América Latina 21,3%. Países como Chile (24%), Colômbia (24,2%), México (22,2%) e Peru (27,6%), têm níveis bastante superiores aos brasileiros.
Outro fator que prejudica o crescimento econômico é a dificuldade para se negociar no Brasil que limita os mecanismos de investimento. É preciso recuperar a confiança do empresariado com regras mais claras que não mudem frequentemente.
A alta tributação é outro fato que traz dificuldades para a poupança interna brasileira que é baixíssima, (12,7%), o que também influencia nos investimentos. Por que, então, a nossa poupança é tão baixa? Porque a tributação no México é de 23%, na Colômbia de 28%, no Peru de 21%, no Chile de 24%. Uma média de 24,4%. No Brasil é de 37,7%. A média do PIB per capita nesses países é de 13,7% e no Brasil é de 11,7%. Ou seja, não sobra nem para as empresas nem para os indivíduos a capacidade de poupar.
A falta de crescimento brasileira é gritante. Por exemplo, a participação no PIB da previdência na China é de 2%. No Brasil, é de 12%.
O chamado Custo Brasil — um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas prejudica o investimento no Brasil e é um dos fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional, dificultando o comércio exterior.
A política protecionista do governo caracterizada como “nacional-desenvolvimentismo” gera efeitos negativos, já que torna as empresas menos competitivas e ineficientes, provocando distorções na economia e gastos públicos desnecessários. Assim, os gastos do governo brasileiro, em relação ao PIB, ficam na casa dos 19%, enquanto os investimentos estão em 1,3%.
O Brasil ainda é um país muito fechado, o que traduz um erro ideológico do governo central. Proteger a indústria e o trabalhador nacionais é uma largada para o atraso. Para se ter uma idéia, o nível de abertura do Brasil é de 21%, enquanto em países como o Peru é de 44%; no Chile é de 57%; na Colômbia é de 32% e no México é de 63%. Em realidade há muita ideologia e pouca criatividade.

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