segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Os Males do Populismo

Tem havido certo esvaziamento do debate político em todo o mundo. Muito pelo desinteresse de cada um, muito pelo descrédito da classe política e em demasia pela falta de conhecimento das populações, mundo afora, da arte da boa política que, juntamente com as instituições é o ato de um país auto governar-se estabelecendo uma organização que provoque a convivência harmônica de todos no planeta, no seu país, no seu estado, na sua cidade, na sua vila - no sentido de satisfazer as necessidades coletivas, aquelas comuns a todos nós, como escola de qualidade, segurança pública, saúde, educação, infra-estrutura adequada, etc. Além, dos direitos civis às liberdades, como a liberdade de pensamento, a liberdade de imprensa, a liberdade de ir e vir, o livre arbítrio de nossas escolhas como a de um simples tênis, de uma profissão ou de um curso que se queira estudar, a religião que se queira seguir e o partido que se queira acompanhar, seguindo os princípios Democráticos os quais consideramos um dos maiores feitos da humanidade até então, e que estabelecem, de fato, uma convivência saudável, responsável e justa com nossas próprias vidas e com a vida de nossos semelhantes, através do respeito ao estado de direito e ao funcionamento pleno das instituições.
No passado existia com mais freqüência um debate mais acirrado entre esquerda e direita. Esquerda entendida como maior atendimento às necessidades sociais e a Direita entendida como o respeito estrito às leis.
Atualmente os debates sobre esquerdas e direitas tem sido mais utilizado pelos Populistas do que pelas pessoas que estão tentando resgatar as instituições.
O Populismo, praticado aqui no Brasil e, principalmente, na América Latina tem como primeiro princípio acabar pouco a pouco com instituições, como o Congresso Nacional, o Judiciário, desmoralizar o executivo, a família, etc. Outra iniciativa recorrente no Populismo é a ânsia por reescrever constituições, para adequá-las aos desejos de diferentes líderes corruptos existentes no mundo, com ênfase, para a América Latina.
É preciso entender, no entanto, que o Populismo, não existe por casualidade, e cabe a todo cidadão entender isso, e denunciar as atrocidades que o Populismo vem cometendo contra nossas constituições, assim como, reconhecer seu péssimo trabalho como governantes, o que invariavelmente levam a crises absolutas de pessoas e populações inteiras, que em desespero, recorrem a esses mesmos líderes, que podemos denominá-los de negativos.
Muitas vezes, esses falsos líderes, são levados ao poder pelas vias democráticas, e que por isso mesmo, tentam justificar-se em sua permanência no poder.
Assim, antes de confrontar-se na batalha entre esquerda e direita, devemos nos ater a Populismo versus República, por um motivo simples - somente a República é capaz, realmente, de garantir a institucionalidade do Estado.
Desde os tempos da Grécia antiga, filósofos como Sócrates e Aristótoles, perceberam três direitos fundamentais e renunciáveis a cada um de nós. Nossa vida, através da qual podemos exercer nossos projetos. Nossa liberdade, para nos expressarmos, comercializar, trabalhar, nos mobilizar para possuir a crença de nossa preferência, e poder expressar assim também sobre nossos sistemas políticos, e o que esperamos dos governos de plantão. E por último, nossa propriedade privada. Nossa propriedade começa pelo nosso corpo. Pela nossa integridade. Assim, ela se constitui do acúmulo desde o dia em que nascemos, até o dia em que morreremos, e de todas as coisas que conseguimos realizar. Estes três direitos, no entanto, podem coexistir em cada um de nós sem impedir que aceitemos os direitos de nosso próximo.
E quanto aos outros direitos? Como por exemplo, direito à saúde, à educação, ao vestuário, e a uma série de direitos que foram exigidos pelos povos de cada um dos nossos países, e que não foram atendidos.
É preciso entender que, se vamos dar direitos, de onde vamos tirá-los? Com quais recursos vamos pagá-los? Porque se isso não for estabelecido, nossos povos vão seguir interminavelmente vendo nesses líderes negativos, a resposta e a solução.
Segundo especialistas, o Populismo, é um atalho perigoso pelo qual se joga com paixões, ilusões e ideais de um povo, para prometer o impossível a ele, aproveitando-se da miséria e da ignorância das pessoas, deixando de fora, absolutamente, toda a razão e toda lógica na tomada de decisões. Joga-se com a necessidade das pessoas, para em seguida, impor uma ditadura.
Os gregos já previram estas possibilidades ao dizer que haveria três tipos de governo. Um, onde há um governante, que se chama Monarquia, e pode acabar virando Ditadura.  Outro, onde governa um grupo, que se chama Aristocracia, e pode acabar virando Oligarquia (sistema político no qual o poder está concentrado em um pequeno grupo pertencente a uma mesma família, um mesmo partido político ou a um grupo econômico), e a América Latina conhece bem isso. Porque nessas aristocracias, as elites, acabaram virando Oligarquias; ou há uma Democracia, onde todos governam e que pode acabar degenerando-se numa demagogia, algo que nós também conhecemos.
Assim, os Gregos perceberem muito bem que somente a República era a resposta para tudo isso, porque, a República nos dá essas três institucionalidades. O Monarca na forma de presidente, a Aristocracia na forma de um parlamento, e a Democracia como veículo e via de comunicação.
A República é a única que anula os vícios de cada uma das três formas de governo, para agrupar as três, e formar a institucionalidade que o Populismo, hoje, está destruindo, pois as mudanças que estão acontecendo no mundo com as novas tecnologias, não estão sendo acompanhadas pela educação necessária.
E o que acontece se eu passo a receber novas formas de tecnologia para me comunicar com o mundo, ao mesmo tempo, que não me educo? Não tenho prioridades claras, o que reflete em nossos parlamentos que já não trocam mais idéias dentro de um processo de razão e lógica, portanto, já perderam a importância que deveriam possuir. Já não há respeito pela discussão, por não deixar de fora as falácias. E nossos líderes populistas anulam toda razão e toda lógica de seus argumentos, aumentando as paixões.
Por outro lado, devemos nos utilizar também das paixões. Da paixão pela educação, pela troca de idéias, pelo conhecimento, por querer sermos pessoas e indivíduos melhores e nos preocupar também com destinos de nossos países.
Lembremos ainda que outra coisa que o Populismo faz, é anular a dignidade das pessoas, fazendo com que elas se sintam incapazes e sem dignidade, no intuito de governar nossas próprias vidas, impondo-nos desnecessariamente a necessidade de um líder, para controlar absolutamente tudo e seguir o seu nefasto projeto de poder.
Assim, é possível deduzir que o Populismo que ama tanto os pobres, é capaz de multiplicá-los, buscando a multiplicação da miséria, para seguir recebendo votos em troca de qualquer objeto material que em dado momento, as pessoas necessitem.
A admiração que o Populismo insemina nas sociedades pelo Regime Cubano, pelo Regime Venezuelano, é absurda. É uma admiração que não é guiada pela razão e pelo conhecimento. Assim, são poucos os brasileiros, os latino-americanos e as pessoas da América Central que reconhecem, por exemplo, que em Cuba, um Engenheiro Civil prefere ser um taxista. São poucos que vêm no Regime “Chavista/Maduro” as atrocidades e as violações dos direitos fundamentais e humanos que estão sendo cometidas, porque tudo que vêm é que lá existe educação de graça, lá existe saúde de graça.
Portanto, nada é de graça! Tudo é pago com algum dinheiro, principalmente, com o dinheiro proveniente dos impostos recolhidos por quem trabalha. E quando não há institucionalidade, é quando começa a corrupção. E quando começa a corrupção todo o sistema perde suas virtudes.
Assim, de esquerda ou de direita, é preciso reconhecer que o Populismo está impregnado em todas as ideologias, e que os mecanismos que os populistas se utilizam é seguir com o discurso que “se você esta mal é porque alguém está bem”. E o que temos de resgatar, é que todos nós podemos estar bem. Não é pelo fato de que uma pessoa acumula riquezas, que ela impede a outra de acumular riquezas também!
Para mudar isso, precisamos de instituições. Precisamos de segurança jurídica. Precisamos de um Estado correto. Precisamos resgatar nos parlamentos, o respeito e a admiração pelo debate de idéias com argumentos baseados na lógica e na razão. Porém, um povo que não tenha educação, não exigirá de seus políticos um debate com lógica e razão, com argumentos, portanto, será facilmente manipulado através das paixões.
Daí se torna necessário extirpar todo tipo de Populismo, simplesmente, pelo que ele é. Uma postergação da pobreza, uma postergação da ignorância, com a idéia fixa em manter os povos submissos e sob a ilusão de que só os bens materiais importam.

Fonte: 1º. Encontro Iberoamericano da Juventude. Zaragoza. Espanha.

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