quarta-feira, 3 de junho de 2015

O Balanço da Petrobrás

É duro aceitar o que aconteceu à Petrobrás. Com o balanço publicado ficamos sabendo que 6,2 bilhões de reais, ou 12 por cento refere-se a baixa contábil que foram relacionados com valores desviados em um esquema de super fixação de preços em projetos, suborno e propina, ou seja, o maior de escândalo de corrupção da história do Brasil e também do mundo.
Além de toda essa sujeira, existem ainda perdas de 44 bilhões de reais que merecem a maior de nossas atenções. Pois elas se referem a baixas que refletem decisões ruins de investimento, execução imperfeita, interferência política e a queda dos preços do petróleo, conforme a petroleira reconheceu em seus resultados auditados de 2014, publicados na última quarta-feira.
É igualmente difícil acreditar que o bilionário roubo na empresa é suplantado por 44 bilhões referentes a desajustes ligados a incompetência dos gestores da estatal.
A gestão controlada por políticos e as leis de petróleo nacionalistas, que deixaram a Petrobras sobrecarregada com uma dívida líquida que já soma 282,1 bilhões de reais continuam sendo as maiores ameaças para a empresa e para a economia do Brasil, que depende muito da gigante estatal para investimentos.
Depois de anos de aumento dos gastos e atrasos de projetos, a Petrobras se tornou a petroleira mais endividada do mundo, um fardo que limita a sua capacidade de realizar investimentos necessários para aumentar a sua produção de petróleo e gás e seu balanço anual de 2014 mostrou um prejuízo de R$21,6 bilhões, o maior de toda a história da empresa.
A empresa está muito alavancada (endividada), registram os especialistas que defendem grandes mudanças na empresa, começando com a substituição da equipe de gestão em favor de nomes não nomeados politicamente.
Dois terços da baixa contábil não estão relacionadas a corrupção mas às refinarias Rnest (Refinaria do Nordeste), conhecida também como Refinaria Abreu e Lima no estado de Pernambuco e a Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) , que estavam entre os maiores projetos de infra-estrutura do Plano de Aceleração do Crescimento ( o PAC), um dos carros-chefe da presidente Dilma Rousseff. Elas já custaram mais de 15 bilhões de dólares cada uma, bem acima do orçamento inicial, e, por incrível que pareça, os projetos permanecem incompletos, após anos de atrasos.
Economistas estimam que os problemas relacionados a Petrobrás, podem provocar um corte de até 1,5 ponto percentual no Produto Interno Bruto do Brasil deste ano, acrescentando assim mais problemas para uma economia que já deverá entrar em sua pior recessão em duas décadas.
Por outro lado enquanto a Petrobras tenta virar a página, deixando para trás o escândalo de corrupção, também enfrenta estritas regras de conteúdo nacional que impõem altos custos e resultam em qualidade questionável onde o exemplo maior é a empresa Sete Brasil, contratada para construir 28 navios-sonda de águas profundas no valor de cerca de 1 bilhão de dólares cada uma, está agora com problemas financeiros. Assim, as sondas devem ser alugadas à Petrobras por mais de 500 mil dólares por dia, após serem construídas no Brasil.
A pressão dos preços internacionais do petróleo também causa estragos, e por causa deles, plataformas de perfuração estão agora disponíveis no mercado mundial a 400 mil dólares ao dia ou até menos. Mas a luta do governo para salvar a “Sete Brasil” deve prender a Petrobras à opção mais cara.
Durante anos, o governo forçou a Petrobras a subsidiar os preços domésticos dos combustíveis, causando bilhões de dólares em perdas no refino o que impediu que a Petrobras atraísse parceiros para o setor.
Agora o petróleo mais barato internacionalmente também obrigou a Petrobras a realizar uma baixa contábil de 9,8 bilhões de reais em ativos de exploração e produção, área bastante sobrecarregada.
As dificuldades são muitas sendo pouco provável que o crescimento da produção média anual de 4,5 por cento esperado para este ano e de 3 por cento para 2016 gere caixa suficiente para reduzir a dívida da empresa, o que não é difícil prever que a Petrobras precisará mais do que uma limpeza da corrupção para se reerguer.

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