domingo, 19 de julho de 2015

A visita da Presidente brasileira aos Estados Unidos

A visita da presidente brasileira nesta última quarta-feira aos Estados Unidos foi caracterizada pela retomada das relações bilaterais entre as duas nações e trouxe outras questões em destaque.
O meio ambiente ganhou um compromisso conjunto de ampliação da participação de fontes renováveis em suas matrizes elétricas num percentual de 20% de participação até 2030. Atualmente os Estados Unidos têm uma participação de 12,9% dos recursos renováveis e o Brasil possui apenas 7,8% de participação.
No Comércio ambos os governos anunciaram a intenção de assinar um memorando para harmonizar normas técnicas, o que deve facilitar a entrada de produtos brasileiros no mercado americano.
No setor pecuário, especificamente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos publicou a chamada "decisão final", um comunicado que reconhece o “status sanitário” do rebanho bovino brasileiro, abrindo, potencialmente, as portas do mercado do país à carne “in natura” do Brasil, encerrando uma negociação de mais de 15 anos.
Já a tão desejada isenção de visto para turistas brasileiros ainda não foi alcançada. Porém, os governos se comprometeram a tomar as medidas necessárias para que o Brasil entre no programa "Global Entry" até a primeira metade de 2016, facilitando os viajantes frequentes de entrar em filas ao passar pelos postos de imigração na chegada aos Estados Unidos.
Assim como já ocorre entre várias nações foi assinado um acordo de previdência social que vai permitir que cidadãos brasileiros que trabalhem nos Estados Unidos (e vice-versa) tenham suas contribuições à previdência reconhecidas em ambos os países, evitando dupla contribuição, trazendo economicidade a ambos os países.
Por outro lado a viagem ocorreu em meio a uma grave crise econômica e política por aqui, e a visita da presidente Dilma Rousseff ao chefe do Executivo americano, Barack Obama, contribuiu para atenuar o desgaste gerado com a baixa popularidade da petista neste momento de fragilidade política.
A visão do lado americano é a de que os avanços nessa retomada das relações ainda são tímidos, e o sucesso da viagem vai depender de como
as relações avançarão daqui para frente.
Assim, a disposição dos dois governos de superar as turbulências do passado, que era o principal objetivo da viagem, foi clara.
No entanto, especialistas consideram que apesar de anúncios conjuntos importantes sobre compromissos para combater mudanças climáticas e acordos de defesa, as principais questões da relação bilateral não foram contempladas na viagem.
Não se viu grandes decisões sobre como aumentar as relações comerciais entre os dois países e se chegar a um patamar de aproximação tal como acontece com o México ou China, por exemplo.
Não se tocou em declarações públicas sobre assuntos de política externa, como o que acontece na Venezuela, Síria e Irã, onde prevalecem discordâncias.
Se no campo político o principal objetivo da viagem era o reaquecimento das relações, na área econômica a missão foi a de reconquistar a confiança de investidores e empresários americanos no Brasil.
A viagem, invariavelmente, teve a pecha de ser realizada em meio à crise econômica e ao agravamento da crise política por aqui, com novas denúncias dentro das investigações da “Operação Lava Jato” envolvendo o financiamento da campanha à reeleição da presidente.
Segundo analistas foi bem recebida a sinalização do governo brasileiro de mostrar disposição para maior abertura para investimentos no Brasil e para dialogar com o setor privado americano e percebeu-se boa vontade em relação às iniciativas do governo brasileiro de correção dos rumos da economia e na política fiscal. Porém, a deterioração da economia brasileira e o agravamento da crise política provocados pelas revelações da “Operação Lava Jato” provocam dúvidas no curto prazo.
Os americanos, por outro lado, não colocam dúvidas a vontade do governo brasileiro de melhorar as relações, mas sim a capacidade do governo brasileiro de fazer isso realmente acontecer, apesar de considerarem os investimentos no Brasil algo interessante.
Considerar os americanos como parceiros é salutar, porém, o Brasil encontra-se em frangalhos, com um custo Brasil considerável, com marcos regulatórios insuficientes para aportar o capital externo e o ambiente negocial brasileiro é ruim. A tributação brasileira é exagerada e um ambiente cartorial e burocrata não ajudam.  
Não seria melhor colocarmos rumo ao país, sairmos da improvisação de sempre, e arrumarmos primeiro a casa, ajustarmos o país para atuar numa plataforma com recursos externos, do que apenas salvar as contas públicas em estado de penúria?
Fica a sensação de que tivemos 12 anos perdidos com o “lulopetismo” no poder com a demonização das privatizações e concessões do passado, e do próprio Imperialismo Americano que agora batemos à porta, numa espécie de réu confesso, recorrendo às mesmas práticas deixadas de lado por longo tempo.

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