quarta-feira, 16 de setembro de 2015

“Downgrade” Brasil

A agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P) cortou, nesta última quarta-feira, dia 09/09, a nota do Brasil de "BBB-“ (capacidade adequada para honrar compromissos, mas com condições econômicas adversas que podem levar a um enfraquecimento na capacidade de pagamento do país - com tendência negativa), para "BB+" (primeiro grau referente à classificação de país especulativo onde o devedor é menos vulnerável no curto prazo, porém, enfrenta grandes incertezas no momento e em exposição a condições adversas poderiam levá-lo a uma capacidade inadequada para honrar compromissos).
Assim, o país perdeu o chamado “grau de investimento", entrou em “downgrade” (rebaixamento), ou seja, deixou de ser considerado um país bom pagador, um lugar recomendável para os investidores internacionais aplicarem seu dinheiro e sinalizou que a situação pode piorar ainda mais. Isso significa que os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam a crescer e se resvalam na habilidade de o governo governar.
Há incertezas na capacidade e disposição de o governo enviar um orçamento consistente ao Congresso Nacional para 2016, ou seja, um orçamento que sinalize uma correção significativa de rumo da política pública implementada no primeiro mandato da presidente brasileira.
Assim, o rebaixamento aconteceu dez dias depois de o governo brasileiro, enviar ao Congresso Nacional, uma proposta de orçamento para 2016 com um rombo de R$ 30,5 bilhões. Um déficit inédito desde que a atual metodologia orçamentária foi adotada, em 1995.
Por outro lado, o país ainda mantém o grau de investimento de acordo com as outras duas principais agências de classificação de risco: a Fitch e a Moody's. Porém, a corrida agora é buscar uma administração pública que possa manter essa classificação traduzindo em um governo oposto ao que foi realizado nestes últimos doze anos.
E o que acontece agora?
A decisão da S&P deve elevar os custos de financiamento para o governo e para as empresas locais. Pode reduzir o fluxo de entrada de dólares no país, deixando a moeda ainda mais cara, lembrando que o dólar já acumula alta de mais de 40% ante o real, somente neste ano.
Como reflexo, as empresas brasileiras também devem sofrer mais para captar dinheiro, principalmente, no exterior. Essa conta ou despesa financeira mais alta das empresas deve ser repassada para o consumidor, que, portanto, irá pagar mais pelos produtos ou por empréstimos que venha a contrair.
As pessoas podem sentir uma restrição mais efetiva ao crédito, um aumento da inflação e, possivelmente, uma alta do desemprego. Sim, tudo isso vai tornar mais difícil para a economia recuperar-se, refletindo no desemprego e na renda do trabalhador.
Muitos fundos estrangeiros, que têm em seus estatutos a exigência de aplicarem seus recursos apenas em países considerados bons pagadores, começaram a se retirar meses atrás, com algum reflexo ainda no presente. Por outro modo, investidores mais agressivos podem enxergar oportunidades em aplicações brasileiras atreladas às altas taxas de juros.
Outra dificuldade fica por conta da probabilidade de as outras duas grandes agências de classificação de risco, “Fitch e Moody's”, também rebaixar o Brasil para o grau especulativo, talvez em um horizonte de até seis meses em caso de continuidade da deterioração do quadro fiscal brasileiro.
Com a economia em recessão, há um desestimulo para investimentos, o que diminui a capacidade de crescimento da economia do país no futuro, o que certamente gerará menos receita para o governo.
Segundo especialistas, o lado positivo da notícia é a ocorrência da materialização da perda do grau de investimento mais cedo do que o imaginado o que ao menos retira uma incerteza do cenário.
Por outro lado, com a confirmação do rebaixamento da nota do Brasil para um degrau especulativo, espera-se que agora o Governo e o Congresso tenham uma melhor coordenação para aprovar e colocar em prática medidas que possam fazer o país ampliar receitas, mas principalmente, diminuir despesas.

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