terça-feira, 26 de abril de 2016

A Usiminas

A Usiminas é um projeto Nipo brasileiro que teve como alvo a formação e expansão da indústria de base brasileira nos anos cinquentas e sessentas, a qual proporcionou os japoneses se apresentar para o mundo como capazes de dominar a tecnologia da indústria do aço, e que, portanto, o Japão estava apto a atender ao mercado externo neste segmento de mercado.
A parceria dos japoneses com os mineiros deu muito certo, e o projeto se revelou complementares entre Brasil e Japão. A Usiminas foi um sucesso de mercado e um dos principais símbolos da siderurgia e da indústria brasileira, embora atualmente passe por inúmeras dificuldades em vias até mesmo de cair em uma indesejável recuperação judicial.
Mas o que é uma recuperação judicial?
A recuperação judicial é uma medida jurídica para se evitar a falência de uma empresa e pode ser solicitada quando a empresa perde a capacidade de honrar com suas dívidas. É um meio para o qual as empresas em dificuldades reorganizem seus negócios, redesenhe seu passivo e se recupere da momentânea dificuldade financeira.
Para tanto, fontes do mercado apontam que sem entrada de capital novo para proporcionar um processo de recuperação da empresa será inevitável que a empresa entre em processo judicial o que afeta profundamente a imagem e a credibilidade da empresa nos mercados interno e externo, afetando, principalmente, a compra de carvão e minério de ferro, financiados pela rede bancaria internacional. 
Mas o que está acontecendo com a Usiminas?
Bem, a Usiminas vem enfrentando uma conjunção de fatores que a tem levado a situações de dificuldades.
Assim, o setor siderúrgico como um todo passa por um ciclo de baixa, reflexo da superoferta global de aço e pela baixa demanda de aço por parte da China que é a maior consumidora de commodities mundiais.
No Brasil, a situação se agravou ainda mais com a crise política e econômica instalada que trouxe um forte recuo na demanda de aço no mercado interno influenciados pela baixa demanda das indústrias automobilística, petróleo e construção civil.
Outro ponto importante, no passado recente, foi a não percepção da necessidade de preparação de um sucessor para a presidência da empresa que fosse comprometido com os alicerces da empresa e, que, portanto, estaria comprometido com a continuidade dos momentos de gloria da empresa.
A partir daí houve uma desordenada ocupação da presidência da empresa com titulares que, de certa forma, comprometeram a gestão da empresa com suas atuações desastrosas.
Tudo isso veio de encontro às dificuldades conjunturais do mercado mundial, à elevação dos custos empresariais, com consequente diminuição da margem de lucro da empresa.
Acrescente-se a isso a previsão do Instituto Aço Brasil (IABr), de queda de 4% nas vendas de aço para este ano.
Com todos esses problemas a empresa ainda teve de conviver e convive com uma disputa societária entre os principais controladores, a japonesa Nippon Steel e o grupo ítalo-argentino Techint que infelizmente teve rompimento de relações em 2014.
A empresa conta atualmente com uma dívida que perfaz 88% do valor da empresa, a qual chega a R$8,1 bilhões, sendo 50% no mercado interno e o restante no mercado internacional, com vencimentos previstos para esse ano no valor de R$ 1,7 bilhão. Sabe-se ainda, que empresa negocia dívida de R$4,3 bilhões vencíveis em 2018 e que somente com pagamento de juros da dívida esvai R$900 milhões, além da necessidade de recursos para operar o CAPEX (investimentos) que deve ficar em torno R$ 300 milhões. Lembrando que o balanço da Usiminas em 2015 trouxe um prejuízo de R$3,7 bilhões.
Endividada e sem gerar caixa o aumento de capital ajudaria nas negociações de rolagem da dívida da Siderúrgica com seus principais credores bancários ITAU, BRADESCO E BANCO DO BRASIL, além de BNDES e JBIC (Japan Bank for International Corporation), sendo que o alongamento da dívida é prática corrente entre os bancos comerciais.
Na reunião do Conselho de Administração da empresa em 17/02 não houve consenso para injeção de capital na empresa ficando nova rodada de discussões para início de março que terá em pauta aumento de capital na empresa e choque de gestão com admissibilidade de atração de um profissional de mercado.
Para que as propostas sejam aprovadas é necessário consenso do bloco de controle Ternium, Nippon Stell e Previdencia Usiminas, conforme exigência do acordo de acionistas válido até 2031.
Dados de mercado contam que paralelamente a injeção de capital a empresa segue com seu programa de desinvestimento onde o seu principal ativo é a USIMINAS MECANICA que atua no segmento de bens de capital, com previsão de R$400 milhões na alienação sendo que americanos, europeus e asiáticos tem tido interesse pela empresa.
A solução para a Usiminas fica por conta do entendimento dos principais controladores e passa por alternativas como aumento de capital que pode ser por empréstimo bancário ou por parte dos controladores, uma operação de mútuo entre companhias, além de venda de ativos que tende a ser mais moroso em função de negociações.
No mesmo diapasão da empresa vão as cidades de Ipatinga e Cubatão que sentem o impacto das demissões.
Segundo dados da mídia foram perdidos 1,1 mil empregos em Cubatão e 1,8 mil em Ipatinga, o que pode chegar a números elevadíssimos considerando empregos diretos e indiretos, ou seja, de empresas ligadas ao aço.
Com as prefeituras não é diferente. Ambas as cidades são dependentes da indústria e sofrem com a queda de impostos como ICMS e ISS, gerando queda de arrecadação levando a reformulação de contratos e a adequação dos serviços públicos.
Outro segmento que sofre é o comércio local com quedas de vendas.
Assim, acreditamos na lucidez dos controladores da empresa e que a Usiminas se encaminhe para contornar suas dificuldades e voltar a gerar emprego e renda a seus funcionários nas regiões onde atua, mesmo que a caminhada não seja tão curta como gostaríamos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário