quinta-feira, 9 de junho de 2016

Cuidados com a economia

A economia brasileira foi totalmente esfacelada nestes últimos quatorze anos, o que equivale a dizer que quase uma década e meia foi totalmente perdida, jogada fora, diante de um descomunal despreparo do governo central para com o trato com a coisa pública e com as conquistas realizadas pelo país nos anos noventas dado o descontrole de então.
Analistas comentam que para trazer o país de volta às boas práticas de governança serão necessários dez anos de trabalho duro, o que fatalmente é uma grande possibilidade. Por outro lado, economistas acreditam que será um período longo, porém menor do que uma década. Veremos!
O Brasil tem grandes desafios pela frente o que exigirá invariavelmente um pouco mais de cada um de nós para revertermos essa situação calamitosa que nos encontramos.
Assim, a reconstrução do país passa inevitavelmente pelo comportamento imediato de Michel Temer na presidência como um presidente de fato, não como um presidente provisório, caso contrário, a coisa desanda antes da hora.
Na realidade Michel Temer não tem muita alternativa porque a economia brasileira neste momento se deteriora a taxas elevadas e se torna a cada dia ou mesmo a cada divulgação dos dados econômicos em um quadro dramático.
A expectativa de queda de PIB é próxima de 4% para este ano, sendo que em 2015 a queda foi de 3,8%, e em 2014 a economia rodou um PIB de 0,1%. Esse quadro é o que se vê apenas em países que estão passando por um período de guerra civil ou mesmo por algum processo de convulsão social muito grave.
Diante dessa dramaticidade toda é necessário e urgente se trabalhar com medidas de impacto imediatamente para começar a reverter às expectativas e o curso de naufrágio.
A primeira medida que um presidente nessas condições precisa tomar seria o de resolver o problema fiscal brasileiro. Ou seja, tornar os gastos governamentais compatível com o nível de arrecadação do governo. Por muitos anos o governo brasileiro vem gastando mais do que se arrecada. Então esse ato se torna importante na reversão dessa trajetória. É claro que num momento de crise tão aguda não é um procedimento fácil, porém, é necessário fazê-lo, mesmo dentro de uma taxa de desemprego elevada é preciso sinalizar que irá tomar medidas a partir de agora para que no futuro, no médio prazo, coisa de um ano e meio, dois anos, esse quadro tenda a melhorar.
Dentre essas medidas, talvez aquela que seja mais polêmica e mais custosa politicamente é a Reforma da Previdência que sensatamente deveria ficar para o próximo governo. 
É preciso olhar para a equidade da previdência pública brasileira considerando a igualdade entre o setor privado e o setor público, embora saibamos que o sistema previdenciário brasileiro é hoje insustentável. Ele não tem como se sustentar ao longo do tempo. O Brasil, já gasta hoje com a previdência em torno de 11% do PIB que é o mesmo gasto percentual em relação ao PIB que um país muito mais velho do que o nosso como o Japão, por exemplo.
O sistema previdenciário brasileiro conta hoje com 12 trabalhadores na ativa para sustar um inativo. É assim que o sistema brasileiro funciona. A contribuição dos trabalhadores da ativa financia os inativos. Caso persistirem essas regras atuais, o país chegará daqui a 25 e 30 anos com apenas quatro funcionários na ativa para bancar cada inativo, o que é impensável deixar que se chegue a esse ponto. Seria uma irresponsabilidade total. Certamente assim o sistema não permanece de pé. Em algum momento precisaremos de vontade política, coragem e muita convicção para fazer esta reforma que é necessária.
A inflação é outro drama. Temos a economia entrando no terceiro ano de recessão, com desemprego chegando a 11% da população economicamente ativa, com expectativa que chegue a 12 e 13% se nada de ruim acontecer e se não houver agravamento do quadro atual. Porém, a inflação persiste em se manter acima do teto da meta, ou seja, acima de 6,5% e muito longe do centro da meta que é de 4,5% onde idealmente ela deveria se colocar para um país o Brasil.
Para a recuperação do emprego a economia precisa se estabilizar, a inflação precisa voltar a abaixar um pouco mais e o ambiente interno do país precisa gerar mais confiança aos agentes econômicos. Confiança se torna então em uma palavra chave neste momento.
O governo da presidente Dilma até agora não conseguiu transmitir à sociedade brasileira, principalmente aos empresários, aos investidores nenhuma confiança de que esses dilemas da economia brasileira, ou seja, o quadro fiscal e a questão da produtividade, dentre outros, serão equacionados a qualquer momento. Com isso o investimento cai. E caindo o investimento o Brasil para.
A recuperação da confiança depende do estancamento do grau de incerteza que existe na economia e no Brasil como um todo.
Temos um quadro de incerteza com a atual presidente que não tem maioria parlamentar e que se mostrou muito débil politicamente na questão de articulação e para fazer essas reformas que o Brasil precisa como o ajuste fiscal. Para se conseguir isso é preciso ter maiorias relativamente confortáveis no Congresso, além de muita convicção que esse é o caminho.
O governo que se despede infelizmente não tem nem a convicção nem as condições políticas para realizar as reformas que o país precisa.
Assim o governo Temer precisará dar sinais de curto e médio prazo para a sociedade, os empresários, os credores brasileiros sejam eles internos ou externos fazendo uma redução equilibrada dos ministérios, enxugar a máquina pública, trazer especialistas para a administração pública, dar credibilidade a contabilidade pública do país, fazer a reinstitucionalização do país com seriedade e rigor máximo construindo paulatinamente o caminho para as reformas política, tributária e de segurança pública que o país tanto precisa. 

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