quinta-feira, 9 de junho de 2016

Os Crimes da Presidente - I

Nestes tempos difíceis em que o país vive as pessoas precisam estar bem informadas. Neste ponto se reconhece a dificuldade para a maioria da população entender todo esse processo de Impeachment da Presidente Dilma. Quais as suas razões e quais as consequências para o país e, portanto, para toda a sociedade brasileira?
Muitas vezes se verifica no noticiário do dia a dia uma falta de clareza e até mesmo falta de conhecimento por parte da impressa falada e escrita para que a população possa entender todo o processo com tranquilidade.
Pensando nisso passo a reproduzir abaixo a excelente explicação do Jurista Miguel Reale Júnior, um dos idealizadores do processo de Impeachment juntamente com o Jurista Hélio Bicudo e da Prof. e Jurista Janaína Paschoal, num encontro com os Srs. Deputados brasileiros na própria Câmara dos Deputados durante audiência na Comissão do Impeachment.
Inicialmente o Jurista Miguel Reale agradeceu ao convite para o encontro onde ele e os membros da comissão pudessem trocar ideias a respeito do Impeachment e fazer esclarecimentos do Pedido de Impeachment que foi ofertado, ou seja, o Impeachment da presidente Dilma Vana Rousseff, que corre assim:
Quero dizer as Vossas excelências, senhores deputados, que esse pedido de Impeachment cujo início se deu com Janaina Paschoal e Hélio Bicudo e teve a minha colaboração na medida em que tive a oportunidade de examinar especialmente duas questões que estão sendo objeto deste Pedido, ou seja, as pedaladas fiscais e a edição de artigos de suplementação de verbas sem passar por esta casa (Câmara dos Deputados). 
Impressionou-me muito tudo aquilo que examinei a cerca das chamadas pedaladas fiscais.
Normalmente se pode imaginar que estas pedaladas fiscais se constituem em mero problema contábil, que elas se constituíam num mero fluxo de caixa, ou que elas se constituíam numa questão menor e que não constitui crime.
No entanto eu posso lhes dizer senhores deputados, senhor presidente e senhor relator, que as pedaladas se constituem em crime e em crime grave. Porque as pedaladas fiscais se constituíram num artifício, num expediente malicioso pelo qual foi escondido o déficit fiscal (gasto maior que a receita) do país. E foi por via das pedaladas que se transformou despesa em superávit primário (folga no orçamento).
Ora, essas pedaladas fiscais levaram a que a União contraísse empréstimos, contraísse créditos e operações de créditos com entidades e instituições financeiras das quais ela é a controladora, porém, isto é absolutamente proibido pelo artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Quero lhes dizer que o equilíbrio fiscal, que o ajuste fiscal, é um bem público fundamental, pedra angular da economia de um país. E no momento que se quebra o equilíbrio fiscal como um jogo de dominó isto leva a inflação que leva a recessão que leva ao desemprego. Portanto, se apropriaram de um bem dificilmente construído que se refere ao equilíbrio fiscal, cujas consequências são gravíssimas, principalmente, para as classes mais pobres. É a classe mais pobre que está sofrendo o desemprego, que esta sofrendo a inflação, que está sofrendo a desesperança.
E como é que se deram essas operações de crédito? As operações de crédito não foram feitas com autorização legal e nem poderiam ser feitas com autorização legal porque uma lei complementar que é a Lei 201 do ano de 2000, em seu artigo 36 veda terminantemente que haja operações de crédito da União com entidades financeiras sob seu controle. Portanto, não podiam ser feitas essas operações de crédito. Por outro lado essas operações de crédito foram feitas por longo prazo em quantias exorbitantes que não se confunde com aquilo que se pode chamar de fluxo de caixa que pode ter ocorrido no governo de Fernando Henrique Cardoso e de Luís Inácio Lula da Silva, mas que nesse governo seja em 2014, seja em 2015, alcançaram volumes extraordinários e por longo tempo.
Na realidade, empurrou-se com a barriga uma dívida, e muito mais gravemente, não se registrou essa dívida na contabilidade do Banco Central, não constando essa dívida como dívida líquida do setor público.
Assim, sem constar como dívida falseou-se o superávit primário, falseou-se a existência de uma capacidade fiscal que o país não tinha. E com isso, se apresentou inclusive, durante o processo eleitoral, que o Brasil cresceria em 2015, 4%, que se teria uma inflação na meta.
Na verdade, repassou-se a obrigatoriedade do pagamento de gastos primários à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil, ao FGTS e ao BNDES. Vejam que esses pagamentos não foram feitos em estado de necessidade. Esses pagamentos foram feitos, por exemplo, pelo BNDES sem a devida equalização dos juros. O BNDES recebeu 444 bilhões de dívida do Tesouro Nacional.
Está na página 26 da denúncia do impeachment que não foram feitos ao BNDES a equalização dos juros que deveriam ter sido pagos pela União e mesmo assim o BNDES beneficiou com empréstimos a grandes empresas.
A mesma coisa, o mesmo problema aconteceu com os agricultores que não tiveram a equalização dos juros para a safra agrícola, o que beneficiou o agronegócio. Então vejam bem senhores. Vejam que isto é extremamente grave, e que consta na nossa denúncia.

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