sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O Desserviço sindical

O sindicalismo, de um modo geral, é mesmo um tremendo fiasco, não somente aqui no Brasil como também em outras partes do mundo.
Na vizinha Argentina foi o sindicalismo peronista que levou a Argentina a três décadas de decadência e até hoje turva o panorama político de uma nação que deveria ser a potência hegemônica da América do Sul, a esta altura do século 21.
Por aqui não é diferente, analogamente, foi o sindicalismo que garantiu e, que ao mesmo tempo, avalizou o suicídio de Getúlio Vargas. E, logo adiante, segundo historiadores, os sindicalistas pelegos se tornaram os responsáveis pela deformação da imagem de Jango e, portanto, os corresponsáveis pela deposição de um presidente eleito democraticamente, que fora arruinado pelo golpismo udenista – a UDN (União Democrática Nacional) que era um partido que se dizia democrático, mas que, na prática mesmo, vivia insuflando ideias golpistas para chegar ao poder.
Depois da quartelada dos militares em 1964, a UDN chega ao poder, mas com os seus melhores quadros na condição de agentes políticos e administrativos dos generais presidentes, um destino que não estava nos planos deles.
Com Lula, os sindicalistas, sempre ávidos de poder, voltaram com suas artimanhas. O ministro do Trabalho de Lula – com a plena aquiescência do presidente – acabou com a ideia democrática do pluralismo sindical, fazendo prevalecer a unicidade que em seguida impediu que a contribuição sindical se tornasse facultativa, como em qualquer lugar civilizado no mundo, continuou obrigatória com o feitio de obrigação tributária com dispêndio de um dia de trabalho por ano do membro da categoria, seja ele sindicalizado ou não.
Outro desserviço do sindicalismo consistiu na legalização das chamadas “centrais sindicais” com o agravante de não se submeterem à fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU). Ora, se o poder de arrecadar tributos foi repassado do Estado aos sindicatos, o dinheiro arrecadado tem que passar pelo crivo do Legislativo e, consequentemente, pelo exame técnico e rigoroso, neste caso, do TCU. Tão desmesurada “autonomia sindical” vale para as centrais sindicais algo por volta de R$120 milhões anualmente. Para que tanto dinheiro? Onde são aplicados esses recursos? Prestam contas a quem? A notícia que se tem é que esses recursos vão abastecer os partidos políticos da esquerda. Lembremos que o dinheiro que sustenta as centrais sindicais é meu, é seu, é nosso.
Uma pesquisa do Centro de Pesquisas e Documentação da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro identificou um crescimento de 400% de pessoas ligadas aos movimentos sindicais durante o governo Lula. Essas pessoas ocuparam ou ainda ocupam os cargos DAS (de direção e assessoramento superior), sendo que 45% deles estão nas mãos dos sindicalistas.
As pesquisas não adentraram as empresas estatais, aquelas em que a União é acionista majoritária, sem levar em conta a intromissão sindicalista nos gigantescos fundos de Pensão como Previ (BB), Funcef (CEF), Funcesp (UnB), Petros (Sistema Petrobrás), Valia (VALE), Centrus (Banco Central), Real Grandeza (Furnas), dentre outros. Perceba que os quinze maiores fundos de pensão administram mais de R$277 bilhões, ou seja, 70% do patrimônio dos 243 fundos de pensão do país. Pois é, some-se a tudo isso o desastre econômico, fiscal e moral ao qual o sindicalismo de estado nos meteu.
Lembremos ainda, que na republica sindicalista, inexistem regras, apenas acordo de cavalheiros onde o lema é o vale tudo em nome do poder e do dinheiro. E no Brasil de hoje o poder do dinheiro faz governos. E os governos controlam muito dinheiro.
“Robert Michels” sociólogo Alemão radicado na Itália que influenciou Max Weber, já alertava quanto à conduta de líderes sindicais. Em seu livro Political Paties (A Sociologia dos Partidos Políticos) publicado em 1911, que se tornou um clássico da Sociologia Moderna diz que traição e pusilanimidade (traição, covardia) não são os únicos fatores determinantes aos sindicalistas. Nesse livro há um capítulo particularmente interessante sobre líderes sindicais com origem na classe trabalhadora. A principal tese de Michels é que esses líderes são tão ou menos confiáveis, para a classe trabalhadora, do que os líderes provenientes de outras classes ou grupos sociais. E mais, que os indivíduos que controlam determinadas organizações, os burocratas, os líderes sindicais, etc., definem objetivos e implantam medidas que atendem, em primeiro lugar, aos seus próprios interesses.
Assim, em sua análise dos traços característicos do padrão de conduta dos líderes sindicais, Michels considera que o que sobressai e se manifesta com maior intensidade é o amor ao poder e tendo sido bem sucedido em livrar-se das correntes que usava como trabalhador assalariado e vassalo do capital, ele (o sindicalista), assim como todo homem liberto, ele tem uma tendência de abusar da liberdade recentemente conquistada, tendendo à passividade.
Michels comenta ainda, que em todos os países são conhecidas histórias de algum líder da classe trabalhadora de origem proletária que se tornou errático e despótico (regime político em que o governante ou grupo governante não responde à Lei), e que eles têm grande aversão a ser contrariado. Essa característica é, sem dúvida, parcialmente dependente da sua condição de “parvenu” (pessoa que atingiu súbita ou recentemente riqueza e/ou posição social de proeminência, sem, no entanto, ter adquirido os modos convencionais adequados), pois está na natureza do parvenu manter sua autoridade com ciúme extremo e de olhar toda crítica como uma tentativa de humilhá-lo e diminuir sua importância, como uma alusão deliberada e mal-intencionada ao seu passado, sendo extremamente sensíveis à bajulação, mas isso parece o menor entre os seus defeitos. Em muitos casos eles não passam de serviçais pagos pelo capital. Deste modo podemos concluir que não é mera coincidência o que acontece no Brasil de hoje.

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