quinta-feira, 17 de agosto de 2017

ACORDO LANARI-HORIKOSHI

A Nippon Steel & Sumitomo Metal, a Usiminas, a cidade de Ipatinga, Minas Gerais e o Brasil comemoram o pujante Acordo Lanari-Horikoshi por seus 60 anos de existência.
Em realidade, se comemora seis décadas do convênio de intenções entre Brasil e Japão para a fundação da Usiminas. Portanto, um acordo muito especial, o qual, simplesmente, viabilizou a existência da Usiminas, assim como por extensão, a existência da cidade de Ipatinga, o crescimento do estado de Minas Gerais e de todo o Vale do Aço.
Esse audacioso e auspicioso acordo Lanari-Horikoshi que faz a junção dos nomes de Amaro Lanari Júinior – presidente da Usiminas à época, e de Teizo Horikoshi, Bacharel em Direito e representante do governo japonês, marcou assim, o início da maior empresa siderúrgica da América Latina; o início da industrialização brasileira e o posicionamento do Japão como detentor de tecnologia para produção de bens de capital, em destaque a siderurgia, com bagagem tecnológica para implantação das indústrias de base em qualquer lugar do planeta, o que sinalizou, evidentemente, a inserção japonesa no cenário mundial desse seguimento.
A confraternização da assinatura do acordo nos evoca a formalização do compromisso de participação japonesa na construção da Usiminas e ao primeiro investimento externo em grande escala do Japão a outro país, após a 2ª Guerra Mundial; assim como a concretização do sonho de industrialização brasileira promovido por Juscelino Kubitschek e marcou a transformação do país, de simples exportador de minério de ferro para um grande produtor de aço de competitividade internacional.
Desse modo, profissionais de países distintos, precisaram superar as barreiras do idioma e da distância, para se unirem num projeto que colocou Minas Gerais no rol da siderurgia mundial e contribuiu para gerar o embrião de pesquisa e tecnologia que ainda hoje define a Usiminas.
Assim, a inicialização da indústria de base brasileira facilitou a produção de  produtos indispensáveis para atender a demanda nacional das indústrias naval, automobilística, petrolífera e mecânica pesada.
O projeto Usiminas traz consigo uma circunstancia curiosa, pois ele somente se tornou viável graças a dois fatores importantes à época: a posse do mineiro Juscelino Kubitscheck de Oliveira na Presidência da República do Brasil e a participação do Japão, que percebeu no empreendimento, a possibilidade de fomentar seu parque de máquinas e equipamentos, o que ajudaria a nação do Sol Nascente a se recuperar das dificuldades do pós-guerra.
O prosseguimento do projeto e as atividades na Usiminas nos trouxe um legado diferenciado, caracterizado pela transferência de tecnologia e a formação de profissionais brasileiros especializados, que junto aos japoneses imprimiram um padrão de produtividade, de inovação tecnológica e de qualificação dos produtos aos consumidores diretos da empresa.
Dessa maneira, a automatização de processos, a prática do “Just in Time” (produção sob demanda) e o controle de qualidade total (que daria origem aos certificados de qualidade ISO), se tornaram conceitos, totalmente, absorvidos na Usiminas e reverberados nas empresas fornecedoras e parceiras do empreendimento; o que podemos considerar como um  modelo para a nova concepção de indústria 4.0 – as chamadas fábricas inteligentes!
Interessante notar que muitas pessoas que passaram pela Usiminas e compartilharam a construção recíproca da Usiminas e da cidade de Ipatinga, não perceberam ou não conseguiram mensurar a extensão e grandiosidade de tudo isso que aconteceu por aqui; e que transformou o pequeno vilarejo de Ipatinga na grandiosa cidade de hoje; assim como, na grandeza da região do Vale do Aço e do próprio estado de Minas Gerais que teve seu nome destacado, mundialmente, através do aço fabricado na Usiminas, aqui em Ipatinga; o qual também patrocinou o crescimento de um grande contingente de  pessoas, que direta ou indiretamente, cresceram junto com esse venturoso projeto.
Diante de um contexto mundial desafiador e considerando os atuais estágios do desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico das duas nações, fica evidente a necessidade do aprofundamento das relações nipo-brasileiras como caminho natural para novos empreendimentos e parcerias, utilizando-se das expertises presentes em ambas às nações.
Temos ainda muito a aprender com o conhecimento, o senso de superação e a organização dos japoneses através de sua cultura milenar inspirada na confiança, no respeito mútuo, na harmonia e no equilíbrio.
Considerando uma dinâmica de educação e bons costumes, acredito que seja interessante agradecer ao Japão e aos japoneses por ter colaborado conosco na construção e funcionamento desse virtuoso projeto, aqui em Ipatinga, transformando intensões preliminares na maior Usina Siderúrgica da América Latina. Pois, Brasil e Japão se traduzem em uma história de grandes encontros.

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