quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O Brasil que da certo na Ciência e Tecnologia

Em meio a tanto falatório sobre falta de recursos para a ciência e a tecnologia brasileira haveremos de convir que há falta de recursos para todos os setores no país em função de uma tremenda crise de financiamento que atingiu o sistema federal brasileiro.
Desse modo, o governo brasileiro por alguma razão, no passado recente, de alguma maneira gastou o dinheiro daqueles anos e o dinheiro do futuro. Agora o país está mergulhado numa falta de recursos para tudo, não somente para a ciência e tecnologia. Falta  dinheiro para a saúde; para as rodovias; para segurança pública, enfim,  para tudo! Porém, nem tudo são mazelas no Brasil como muitos gostam de alardear.
Para termos uma ideia o sistema de ciência e tecnologia que temos aqui no Brasil foi construído ao longo de muitas décadas. Teve seu início com a criação da primeira universidade brasileira, a Universidade do Paraná, em 1912; que teve sequência na criação de outras universidades como a Universidade Federal do Rio de Janeiro; a Universidade Federal de Minas Gerais; a criação da USP – Universidade de São Paulo nos anos 30; além da criação da Academia Brasileira de Ciências; da Sociedade Brasileira de Química; da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; do CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, nos anos 50; a criação do INPA – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia; do DCTA – Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial; da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, etc.
Todas essas realizações vieram se acumulando ao longo do tempo; e todo esse esforço dos brasileiros permitiu ao Brasil possuir hoje uma das mais invejadas agriculturas do mundo; não somente do ponto de vista da produtividade, como também da variabilidade de produtos agrícolas fornecidos, dentre eles bovino, suíno, frango, etc.
Assim, o Brasil se tornou uma espécie de celeiro do mundo na agricultura, por causa da ciência e tecnologia; em boa parte criada por brasileiros que se educaram nas boas universidades brasileiras onde aprenderam a estudar o solo brasileiro, as plantas brasileiras, os animais brasileiros, e como fazê-los funcionar melhor aqui no Brasil.
O país possui 200 milhões de bovinos, e ganha dinheiro sério, com isso, gerando milhares de empregos a nós brasileiros.
O Brasil realizou a sua Indústria Aeronáutica, a 4ª principal indústria aeronáutica do mundo em São José dos Campos. Tudo tocado por brasileiros que se educaram, fizeram pesquisa, aprenderam e entenderam como é que se fabrica avião e como se faz aviões eficientes, de qualidade e competitivos.  
O projeto do álcool etílico brasileiro é outro exemplo de sucesso. Os brasileiros vão hoje aos postos de gasolina, enchem o tanque de seus carros com álcool etílico. Pois é. Em nenhum outro lugar do mundo isso acontece! Todos os países desenvolvidos do mundo estão procurando como substituir a gasolina do petróleo e nenhum até agora encontrou. O único país do mundo que conseguiu fazer isso foi o Brasil com o programa do etanol. O que é invejado no mundo inteiro. E de novo! Feito por engenheiros brasileiros, bioquímicos brasileiros, químicos brasileiros que se meteram a fazer um país industrializado a funcionar a base do etanol. Assim, a ciência e a tecnologia produzida no Brasil tem feito o Brasil ser um lugar melhor.
Lembremo-nos, também, da elevada tecnologia desenvolvida na Petrobras para extração de petróleo em águas profundas, das plataformas flutuantes e da extração do Pré-Sal.
Na Unicamp - Universidade de Campinas, nos últimos 40 anos, seus estudantes criaram mais de 500 empresas que somente no ano passado sustentaram 28 mil empregos, e todo esse conjunto de empresas gerou um faturamento de R$ 3 bilhões. Isso é resultado de ciência e tecnologia, de ensino superior, de boa universidade existente no Brasil.
Por outro lado, sempre se comenta que os brasileiros estão indo embora. Na realidade, existem brasileiros que estão indo embora do país; porém, ao contrário disso, a FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo tem recebido e aprovado entre 50 e 100 financiamentos para o projeto Jovem Pesquisador, um programa que acolhe jovens de qualquer lugar do mundo, brasileiro ou não para começar a sua carreira como pesquisador financiado pela FAPESP.
Cabe lembrar que existem projetos fracassados também. É o caso do projeto Ciências sem Fronteiras que torrou R$ 15 bilhões em quatro anos e não trouxe resultados para o país, apenas encargos. Esse é um típico caso onde não procede a crítica de falta de dinheiro para a ciência e a tecnologia no Brasil. Esse recurso gasto sem critério adequado daria para sustentar os bons projetos de ciência e tecnologia aqui no Brasil por dez anos. Vejam que o orçamento do CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para um ano é de R$ 1,5 bilhão.
Outro dado positivo para o país é um programa da FAPESP que financia pesquisa para pequenas empresas. Veja que somente nesse ano a FAPESP já contratou projeto com mais de 200 pequenas empresas, o que indica quase um projeto por dia útil. São empresas que irão desenvolver tecnologia pra crescer e gerar empregos para engenheiros, doutores, mestres e químicos, dentre outros no estado de São Paulo.
São por esses fatos positivos que a ciência e a tecnologia devam ser incentivadas e apoiadas aqui no Brasil, trazendo retorno aos brasileiros e ajudando no interesse público.
A economia brasileira decresceu nos anos de 2014 a 2016 e fez o Brasil entrar na UTI; o que fez decrescer a receita fiscal federal e a também a estadual, gerando uma receita entre 5% e 6% menor para a ciência e tecnologia. Com isso, decresceu a capacidade de aplicação em projetos, porém, algo gerenciável se com critério, autonomia e previsibilidade.  
Assim como o ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica nos deu a origem da aviação  brasileira, hoje o laboratório Síncrotron – um mecanismo de pesquisa de física, química, ciências dos materiais e da biologia nos dará a possibilidade de geração de tecnologia de ponta para o país.
O laboratório Síncrotron é um estudo  brasileiro que vem de 30 anos de operação e desenvolvimento e quando esse acelerador estiver pronto entre 2018 e 2019, ele será um dos dois melhores do mundo! Isso significa que teremos cientistas do mundo inteiro querendo vir para Campinas para usar essa máquina  para fazer a ciência deles. Então, o estado de SP, Campinas e o Brasil se tornarão num polo de pesquisa e de gente fazendo fila para poder usar essa máquina desenvolvida aqui no país por nós brasileiros. Porém, deveremos ser cuidadosos na formação de cientistas brasileiros para a utilização do Laboratório Síncrotron para não deixarmos que somente estrangeiros venham se utilizar do nosso conhecimento.
Vejam que ciência e tecnologia é um negócio que se multiplica por muitas vezes e traz resultados!

Nenhum comentário:

Postar um comentário