sábado, 24 de março de 2018

“Trekonomics”


Estranhou o título? É natural. Este é um termo baseado no filme Star Trek, conhecido aqui no Brasil como Jornada nas Estrelas, para designar a economia do futuro, ou seja, a economia do futuro de a Jornada nas Estrelas.
Após 50 anos em que a nave “Enterprise” se aventurou pelo espaço sideral, com o capitão Kirk e sua tripulação com a finalidade de  explorar novos mundos e encontrar novas civilizações; essa série de ficção-científica, singular em muitos aspectos, é o tema de vários estudos sérios escritos ao longo de décadas por cientistas políticos, sociólogos, físicos, engenheiros e até teólogos.
Desse modo, vários executivos e pesquisadores do Google buscam criar tecnologias similares às da nave “Enterprise” para aumentar o conforto e facilitar a vida das pessoas por aqui. Nesta mesma direção, o Dr. Martin Cooper, da Motorola, declarou que se inspirou no comunicador usado por “Kirk e Spock” para criar o primeiro telefone celular. Neste mote, várias tecnologias que usamos hoje também são inspiradas por objetos fictícios da série ou dos filmes de Star Trek.
Contextualizando, podemos dizer que a série, Star Trek se passa em um universo onde a guerra, a fome e a pobreza foram eliminadas, bem como outras mazelas sociais, incluindo a discriminação e o racismo. É uma utopia audaciosa, onde a abundância gerada pela tecnologia eliminou também o capitalismo e outros modelos econômicos, até mesmo o dinheiro, embora o “capital” continue existindo, mas definido de outro modo.
A ideia de uma sociedade não monetária, ou “anumismática”, é um dos maiores destaques da saga de Jornada nas Estrelas. É um elemento relevante das ideias tecnológicas na narrativa, como o teletransporte, o tricorder, os torpedos fotônicos, e as naves que voam mais rápido que a luz.
Nesse aspecto, o ambiente da série Jornada nas Estrelas, despertou o interesse do escritor Manu Saadia,  que está escrevendo um livro chamado “Trekonomics”, para discutir a economia e a sociedade humana do século 23; onde a ideia para o livro surgiu a partir de conversas entre o escritor e Chris Black, que foi roteirista da série “Star Trek - Enterprise”.
Em “Trekonomics”, Saadia examina a “pós-economia” do universo da Federação Unida de Planetas, onde o dinheiro é desnecessário porque tudo pode ser produzido em “replicadores”, ou seja, máquinas que convertem energia em matéria e sintetizam desde alimentos até peças para naves espaciais sem custos para o usuário; onde se prevê que a Terra do século 23 conseguiu eliminar as dificuldades da escassez através da tecnologia.
Dentro da ideia de “ausência de escassez” se espera uma sociedade onde dinheiro, preços ou mercados sejam irrelevantes, portanto, não existirá a figura do lucro. Num mundo assim, por que as pessoas dedicariam suas vidas a projetos, carreiras e invenções, sem a expectativa de retorno material? Como avaliar as opções e mensurar os resultados do trabalho sem uma unidade monetária quantificável?
Neste novo contexto o escritor Saadia admite que isto se torna um grande salto de otimismo, o de imaginar que um mundo assim poderá emergir de nossa sociedade obcecada pelo consumo e pela acumulação de bens.
O livro de Saadia pretende avaliar as possibilidades de chegarmos a esse mundo utópico, usando os enredos de episódios das séries e dos filmes de Star Trek como ponto de partida para estimular a discussão, bem como ideias de pensadores como Adam Smith e Jeremy Bentham. Talvez o resultado não seja um tratado fundamental de economia ou política financeira, mas poderá ser uma leitura interessante.
Segundo Saadia na sociedade de Star Trek, a natureza do trabalho não dependerá mais do consumo, ou mesmo da mera subsistência e que a chave para isso é dissociar o trabalho do pagamento, da recompensa monetária, que é a mensagem da série.
Em entrevista ao Washington Post, o escritor acrescentou que em vez de trabalhar para aumentar sua riqueza ou acumular bens, as pessoas em uma sociedade “anumismática” do futuro se esforçarão para aumentar sua reputação. A recompensa do trabalho será o prestígio. E para conquistar esse prestígio, a pessoa vai se esforçar para ser o melhor capitão de espaçonave da galáxia; o melhor médico; o melhor cientista; o melhor artista, etc. A competição se dará pela mesma distinção. Seria uma meritocracia em sua expressão mais pura, sem as desigualdades sociais de hoje.
Pelo visto, as tecnologias de Star Trek estão se tornando realidade, dia após dia, onde se pode pensar que a sociedade sonhada sem dinheiro talvez não esteja tão distante assim.
Que viver verá!

terça-feira, 20 de março de 2018

Trump e as Barreiras Protecionistas para o Aço


Em mais uma de suas medidas protecionistas, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos,  deixa o mundo globalizado em estado de alerta com essa medida de barreiras tarifárias para o aço; pois ela tem escala global e altera o equilíbrio entre países importadores, como os próprios Estados Unidos, e os países exportadores globais do aço.
Como efeito imediato haverá uma relativa sobra de aço nos principais centros produtores, o que trará, certamente, uma queda nos preços internacionais produto, prejudicando assim, todo o complexo de aço, principalmente, aqueles que dependem diretamente da exportação para os Estados Unidos.
Por outro lado, governos mundo afora tentam se mexer para contrapor às medidas protecionistas de Trump e o Brasil tenta o mesmo através da Organização Mundial do Comércio.
Toda essa movimentação faz sentido neste momento, porém, é algo que leva tempo para uma resolução mais definitiva já que o mundo da negociação, muitas vezes, se apresenta excessivamente burocrático.
Assim, cabe às empresas, de um modo geral, tomar as suas próprias decisões que devam ir de encontro à produtividade; pois neste momento, ganhos de produtividade podem minorar as possíveis quedas de preço do produto.
O Brasil está entre os países que devem ser mais afetados pela medida que intensifica a política da "América em primeiro lugar" que elegeu Trump em 2016; pois um terço do aço exportado no Brasil tem como destino o mercado dos EUA com receita de US$ 3 bilhões, o que faz do Brasil o segundo maior fornecedor do produto para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.
Por enquanto, o Brasil ficou fora das exceções das taxas, que, neste momento, só beneficiou México e Canadá, os parceiros dos EUA no NAFTA, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
Para a agência de risco Moody’s, a medida afeta, mas não dramaticamente, as três principais siderúrgicas do país: Usiminas, CSN e Gerdau sendo que a principal consequência pode ser a de forçar as siderúrgicas a venderem para mercados alternativos, com lucros menores.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão norte-americana de impor sobretaxas ao aço e alumínio vão afetar US$ 3 bilhões em exportações brasileiras de ferro e aço e US$ 144 milhões em exportações de alumínio. Isso equivale a uma massa salarial de quase R$ 350 milhões e impostos da ordem de R$ 200 milhões.
Diante dessas imposições tarifárias cabe à siderurgia uma reflexão sobre o rumo desse segmento, trazendo o foco também para o atual modelo de gestão, assim como para o próprio modelo de produção do aço, já que modificações importantes no consumo estão por vir; haja vista, as mudanças previstas para o seguimento automobilístico que passará por uma revolução, o que, certamente, exigirá um novo redirecionamento dos produtores de aço no mundo, enquanto a China continua sendo uma ameaça permanente.
Além disso, estudos com o grafeno mostram que chegou a vez dos materiais dobráveis. Pois é. O grafeno é duzentas vezes mais resistente que o aço, sete vezes mais leve que o ar, é um excelente condutor de eletricidade e calor, e pode ser transparente e flexível. Trata-se de uma folha plana de moléculas de carbono que está deixando pesquisadores da indústria de tecnologia maravilhados. Com ele, seria possível criar produtos mais finos, flexíveis e com baterias mais poderosas. Isso pode revolucionar a indústria eletrônica, assim como outras mais.


quarta-feira, 14 de março de 2018

Trump e as Barreiras Protecionistas para o Aço


Em mais uma de suas medidas protecionistas, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos,  deixa o mundo globalizado em estado de alerta com essa medida de barreiras tarifárias para o aço; pois ela tem escala global e altera o equilíbrio entre países importadores, como os próprios Estados Unidos, e os países exportadores globais do aço.
Como efeito imediato haverá uma relativa sobra de aço nos principais centros produtores, o que trará, certamente, uma queda nos preços internacionais produto, prejudicando assim, todo o complexo de aço, principalmente, aqueles que dependem diretamente da exportação para os Estados Unidos.
Por outro lado, governos mundo afora tentam se mexer para contrapor às medidas protecionistas de Trump e o Brasil tenta o mesmo através da Organização Mundial do Comércio.
Toda essa movimentação faz sentido neste momento, porém, é algo que leva tempo para uma resolução mais definitiva já que o mundo da negociação, muitas vezes, se apresenta excessivamente burocrático.
Assim, cabe às empresas, de um modo geral, tomar as suas próprias decisões que devam ir de encontro à produtividade; pois neste momento, ganhos de produtividade podem minorar as possíveis quedas de preço do produto.
O Brasil está entre os países que devem ser mais afetados pela medida que intensifica a política da "América em primeiro lugar" que elegeu Trump em 2016; pois um terço do aço exportado no Brasil tem como destino o mercado dos EUA com receita de US$ 3 bilhões, o que faz do Brasil o segundo maior fornecedor do produto para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.
Por enquanto, o Brasil ficou fora das exceções das taxas, que, neste momento, só beneficiou México e Canadá, os parceiros dos EUA no NAFTA, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
Para a agência de risco Moody’s, a medida afeta, mas não dramaticamente, as três principais siderúrgicas do país: Usiminas, CSN e Gerdau sendo que a principal consequência pode ser a de forçar as siderúrgicas a venderem para mercados alternativos, com lucros menores.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão norte-americana de impor sobretaxas ao aço e alumínio vão afetar US$ 3 bilhões em exportações brasileiras de ferro e aço e US$ 144 milhões em exportações de alumínio. Isso equivale a uma massa salarial de quase R$ 350 milhões e impostos da ordem de R$ 200 milhões.
Diante dessas imposições tarifárias cabe à siderurgia uma reflexão sobre o rumo desse segmento, trazendo o foco também para o atual modelo de gestão, assim como para o próprio modelo de produção do aço, já que modificações importantes no consumo estão por vir; haja vista, as mudanças previstas para o seguimento automobilístico que passará por uma revolução, o que, certamente, exigirá um novo redirecionamento dos produtores de aço no mundo, enquanto a China continua sendo uma ameaça permanente.
Além disso, estudos com o grafeno mostram que chegou a vez dos materiais dobráveis. Pois é. O grafeno é duzentas vezes mais resistente que o aço, sete vezes mais leve que o ar, é um excelente condutor de eletricidade e calor, e pode ser transparente e flexível. Trata-se de uma folha plana de moléculas de carbono que está deixando pesquisadores da indústria de tecnologia maravilhados. Com ele, seria possível criar produtos mais finos, flexíveis e com baterias mais poderosas. Isso pode revolucionar a indústria eletrônica, assim como outras mais.

segunda-feira, 5 de março de 2018

A Crise na Venezuela


A Venezuela governada pelo chavista Nicolás Maduro enfrenta uma grave crise legal, política e econômica, que já vem de longe.
Assim, em meio à dramática crise político institucional, a qual se encontra as instituições democráticas, a Venezuela deu um gigantesco passo atrás, em 2016, quando o Supremo Tribunal de Justiça, o TSJ deles decidiu assumir as funções do Congresso; anulando todas as decisões da Assembleia Nacional, fato esse que levou a oposição denunciar a existência de uma “ditadura velada” em seu país. Lembremos sempre, que o Congresso venezuelano era controlado pela oposição ao governo de Nicolás Maduro e, portanto, eleito democraticamente pelo seu povo.
Na ocasião, países como o Brasil, o Peru e a Organização dos Estados Americanos (OEA), repudiaram, veementemente, a medida, porém, sem sucesso.
Como não bastasse a crise política, o país enfrenta ainda, uma gravíssima crise econômica, acentuada pela alta dependência da Venezuela à  importação de bens, à queda do preço do petróleo – maior fonte de divisas do país - e ao controle estatal na produção e distribuição de produtos básicos.
Segundo especialistas, a cada dia há menos empresas, menos postos de trabalho e menos salários dignos na Venezuela.
Além disso, a emissão descontrolada de dinheiro por parte do Banco Central venezuelano, bem como a destruição da indústria nacional e a queda das importações, reduziram, drasticamente, o número de bens disponíveis no mercado venezuelano; o que trouxe à tona a realidade patente do país, o que se considera as causas crônicas da elevada inflação.
Para estabilizar a economia e sair da crise, o parlamento venezuelano tem pedido a eliminação dos controles de câmbio, já que,  desde 2003, o Estado tem tido o monopólio da venda de moedas e da determinação dos preços na economia. Pede-se ainda, o respeito absoluto à propriedade privada no país, algo que também se deteriorou.
Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as projeções mundiais, apontou que a Venezuela teve a maior inflação do mundo em 2015, ao redor de 160% ao ano; porém, em 2017, a inflação atingiu o índice recorde de 2.000%, levando a Venezuela à maior crise política, social e econômica de sua história contemporânea. Afora a queda do PIB venezuelano em 34% nos últimos 4 anos, a Venezuela vive, na realidade, uma crise humanitária sem precedentes, marcada pela escassez de alimentos, remédios e outros produtos básicos e o aumento quase diário dos preços ao sabor do descalabro do bolívar, a moeda nacional venezuelana, que se derrete em relação ao dólar no mercado paralelo.
A petroleira estatal PDVSA que é a fonte de mais de 90% da moeda arrecadada pelo Estado venezuelano, passa por graves dificuldades financeiras e sua produção caiu, pela primeira vez em 28 anos, para abaixo dos 2 milhões de barris diários.
Por outro lado, Maduro anuncia uma série de medidas econômicas populistas, entre elas o aumento de 20% no salário mínimo (de 9.600 para 11.520 bolívares); aumento do preço da gasolina, pela primeira vez em 20 anos; a desvalorização de 37% do bolívar, reservada à importação de alimentos e medicamentos; e um novo regime de câmbio, que passa de três a duas taxas de cambiais.
O governo anuncia ainda, o racionamento no fornecimento de energia elétrica nos 10 estados mais populosos e industrializados do país, incluindo a região de Caracas, com cortes de energia, de quatro horas diárias, pois, o reservatório da Hidroelétrica Guri, que gera 70% da eletricidade do país, está colapsado.
O desespero é tanto, que Maduro ordena estender de uma (sexta-feira) para três dias por semana (quarta, quinta e sexta-feira) a folga do setor público, para enfrentar a severa crise de eletricidade. Além de determinar que as escolas do ensino fundamental e médio não funcionem às sextas-feiras, e de estabelecer aumento de 30% no salário mínimo, incluindo funcionalismo público, aposentados e militares, abrangendo também os pensionistas.
O Alto-Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) estima que mais de 1 milhão de venezuelanos já deixaram o país e 110 mil pediram refúgio, segundo informe elaborado após levantamento dos dados entre 2014 a 2017, sendo que os venezuelanos aportam também em refúgio no estado brasileiro de Roraima., trazendo dificuldades ao Brasil.
Como o desempenho de Maduro está abaixo das funções constitucionais da presidência, a oposição venezuelana, o responsabiliza pela grave ruptura da ordem constitucional; pela violação de direitos humanos; e pela devastação das bases econômicas e sociais do país, dado o cenário de recessão e aumento da pobreza, com inflação galopante (hiperinflação) e falta de produtos básicos nos supermercados como alimentos, produtos de higiene e remédios.
O caos esquerdista e populista é tanto que as ruas das cidades são marcadas pelos mercados negros e a violência, onde os números são comparáveis a estados em regime de guerra.
A democracia venezuelana, por muito tempo um motivo de orgulho, foi a mais atingida se descambando para o autoritarismo inútil, onde as cúpulas partidárias concordavam e ainda condordam em dividir o poder entre eles e as receitas do petróleo entre seus eleitorados.
O pacto firmado, cujo objetivo era o de preservar a democracia, passou a dominá-la. Elites dos partidos escolhem os candidatos e bloqueiam os estranhos, tornando a política menos receptiva; e o acordo de divisão da riqueza fomentou a corrupção, adotando um estilo de governo que consolida o poder nas mãos de um único líder.